CAPS adotam nova modalidade de cuidado com a saúde mental durante o isolamento social

“Olá, boa tarde, eu poderia falar com o Sr. Yuri*?. Oi, Sr. Yuri, é a Maria*, do CAPS, tudo bem? Me conta: como tem passado nesses últimos dias, desde a nossa última conversa? O senhor é grupo de risco para o coronavírus, tem se cuidado? O importante é que se for sair de casa deve usar a máscara. Em relação aos medicamentos e receitas, está tudo em dia?”

 

Cuidado, escuta, orientação. Como transferir um trabalho afetivo e acolhedor, como o que é promovido pelos Centros de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPS) mantidos pela Associação Educadora São Carlos (AESC), em Porto Alegre, num contexto de distanciamento social imposto pela pandemia de coronavírus? Usando o telefone. Parece simples, mas não é. Repensar o acompanhamento de usuários de substâncias psicoativas que sempre contaram com o apoio de seus terapeutas de referência e de toda estrutura do serviço para recebê-los foi uma tarefa desafiadora.

Ainda em fase de aprimoramento, a iniciativa do monitoramento telefônico é uma nova modalidade terapêutica que tem se mostrado exitosa. Nos primeiros 45 dias, os quatro CAPS da AESC realizaram 2.700 ligações. Cada chamada tem um diálogo próprio, humanizado e atento às individualidades dos pacientes. Evitar recaídas, ouvir relatos e até aconselhar um atendimento presencial, em situações de urgência, fazem parte dessas conversas, que podem ser diárias, semanais, quinzenais ou até nos três turnos do dia, de acordo com a situação.

“Essa abordagem foi pensada a partir do dia 17 de março, recebemos as Orientações Técnicas para os Serviços de Saúde Mental – Covid_19, elaborado pela Coordenação Municipal de Atenção à Saúde Mental. Diante do novo contexto da saúde frente ao desafio da eminência do distanciamento social imposto como medida de precaução ao enfrentamento do coronavírus, elaboramos um Plano de Contingências para os CAPS AD III e o CAPS D IV”, explica Arlete Fante, coordenadora de Saúde Mental da AESC.

Inovação e aprimoramento permanente

Com a preocupação do cuidado em saúde, do acompanhamento e do fortalecimento de vínculo de forma longitudinal aos usuários, aos familiares e à rede de atendimento, foi iniciada, no dia 23 de março, a nova experiência chamada de ‘busca ativa’, por meio de ligações telefônicas. A abordagem foi se ajustando com o passar dos dias entre os profissionais, turnos e horários, e levou em consideração as muitas surpresas vindas em cada retorno no período de 23 a 31 de março, quando foram realizadas as primeiras 547 de ligações.

Em 1º de abril, com a experiência em curso, foi implantado um novo indicador para o monitoramento das ligações telefônicas realizadas com sucesso. “Constituímos, desse modo, uma nova modalidade terapêutica para os CAPS AD III e CAPS AD IV, respeitando as especificidades em cada território. Encerramos o mês de abril com o resultado bastante significativo de 1.869 monitoramentos”, relata Arlete. No 45º dia, completado em 5 de maio, o número chegou 2.700 ligações, sem que no período fossem detectados usuários com sintomas de síndrome gripal que motivassem o encaminhamento a uma estrutura de Atenção Primária de Saúde.

 

 

Acolhimento e cuidado 24 horas

A nova modalidade terapêutica contribui sensivelmente para continuidade do vínculo em tempos de distanciamento social, deixando a porta aberta aos acolhimentos e em especial às pessoas que se encontram em situações de crise e necessitam permanecer por alguns dias recebendo atenção de forma permanente. Os CAPS mantidos pela AESC atendem em quatro endereços:

CAPS AD III Noroeste/ Humaitá/Navegantes/Ilhas
Av. Pernambuco, 1700 – Porto Alegre/RS
Fones: 51 3230.6362 · 3230.6363

CAPS AD III Partenon Lomba do Pinheiro
Rua Dona Firmina, 144 – Porto Alegre/RS
Fones: 51 3230.6360 · 3230.6361

CAPS AD III Sul/Centro-Sul
Av. Cavalhada, 1930 – Porto Alegre/RS
Fones: 51 3230.6364 · 3230.6365

CAPS AD IV – Centro/Céu Aberto
Rua Comendador Coruja, 97 – Porto Alegre/RS
Fones: 51 3230.6366 · 3230.6367

* Nomes fictícios, para preservar a privacidade do paciente e da profissional envolvidos.

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