Segurança, espiritualidade e acolhimento para manter o foco contra o coronavírus

Hospital Santa Luzia em Capão da Canoa atende toda região litorânea do Estado | por Emmanuel Denaui | www.denaui.com

A pandemia de coronavírus que afeta múltiplas nações é um acontecimento grave, histórico e de impacto mundial. Desde que chegou ao Brasil, há exatamente um mês, as atenções foram redobradas pelas autoridades de saúde, e medidas de prevenção e contenção têm sido disseminadas diariamente, na esperança de frear o Covid-19. Nesse contexto, os profissionais da saúde têm sido fundamentais, com o suporte de outros segmentos que ajudam a suprir necessidades. Para lidar com a pressão e manter a concentração, alguns recursos são importantes para motivar as equipes. No Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa, elementos como segurança, acolhimento e reforço da espiritualidade têm contribuído para tornar as jornadas de trabalho e o convívio familiar mais harmônicos.

Marília Dias Calderon, 35 anos, é uma personagem que assume o papel de manter o clima positivo. Técnica de Segurança, trabalha desde 2019 no Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt) e sente-se pronta para esse momento desafiador. Sua rotina inclui caminhadas diárias por toda área do Santa Luzia, conversando, orientando sobre o uso adequado dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e levando uma palavra amiga aos colegas.

“Nunca imaginei que iria passar por essa situação, mas me sinto bem preparada. É preciso ponderar nesse momento, mas todos os EPIs estão sendo disponibilizados, conforme a necessidade. Meu foco é no bem-estar do funcionário, para que se sinta seguro e motivado no dia a dia de trabalho, pois isso repercute no paciente”, destaca Marília.

Os cuidados com os colegas são equilibrados com as tarefas do lar. Mãe de Jederson, com 4 anos, e Júlia Kamilly (15), precisa orientar duplinha também para evitar que o coronavírus invada sua residência. “Quando chego em casa tomo todos os cuidados. Evito muito contato físico e procuro informar para eles a situação”, explica. O distanciamento social tem sido uma barreira bem difícil, exigindo criatividade para manter o casal de filhos no domicílio.  “Procuro fazer jogos, pesquisar na internet, olhar filmes, interagir e fazer bolo de chocolate, o preferido deles”, revela a mãe, que enquanto está trabalhando conta com a ajuda da filha mais velha para cuidar do irmão.

Marília é adepta da disseminação de mensagens positivas. Por isso, está planejando distribuí-las pelos setores do HSL, acompanhadas de bombons, pois um doce sempre ajuda a abrir sorrisos. Para essa ação, que visa fortalecer o acolhimento a todos que lá se expõem diariamente, contará com o apoio da área de Gente e Desenvolvimento, liderada por Lilian de Souza Madruga Barros, 31 anos.

A colega, por sinal, tem outro recurso motivacional que compartilha frequentemente com as equipes: sua voz. No perfil mantido no Facebook, posta vídeos de música gospel que versam sobre esperança e o amor de Deus pelas pessoas. “No início fiquei surpresa com as reações, todas positivas. Comecei a gravar vídeos em minha rede social e os colegas começaram a pedir para eu cantar mais”, comenta.

Lilian tem consciência da importância do papel de cada pessoa que atua no Hospital e procura disseminar isso em suas conversas. “Costumo acolher, ouvir angústias, manter contato direto, pois os colegas gostam de ser recebidos e isso ajuda a fortalecer o relacionamento”, ressalta. No contexto atual, em cada interação, lembra do compromisso profissional de todos. “Nós escolhemos estar aqui, escolhemos essa área. Temos uma missão disfarçada de trabalho. É fundamental termos isso sempre em mente para nos mantermos motivados”, afirma a gestora de RH.

Em casa, sua atenção e do esposo Jonas, que atua no ramo da segurança patrimonial, está voltada aos cuidados com a filha Marina, de 7 anos, e o pai Hélio Madruga (68), que integra o grupo de risco do coronavírus. “Saímos para trabalhar todos os dias, mas temos cuidado redobrado com os dois ao voltarmos para casa, fazendo toda higiene básica para protegê-los”. Com sua pequena, Lilian usa de todos os recursos disponíveis para conscientizá-la. “No início ela gostou de ficar com o vovô, mas depois, quando percebeu que não poderia fazer as coisas que gosta, como ver os primos, brincar na praça e passear, ficou frustrada. Às vezes ela chora, mas procuramos incentivar o lado familiar, fazer brincadeiras, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e trabalhos escolares. Ela tem compreensão do momento que vivemos e, à noite, e faz uma oração antes de dormir pedindo que o coronavirus vá embora”, revela Lilian, para quem a espiritualidade precisa estar associada a todos os momentos da vida.

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