Bruno Zanotti e seu filho Enzo, diagnosticado com autismo: “Profissionais do CER II dizem que ele terá um grande futuro, para um pai não tem sentimento melhor” / Foto: Comunicação AESC

Sons, olhares e sorrisos. Cada interação é uma conquista. Crianças e adultos que necessitam de reabilitação auditiva e intelectual, contam, há um ano, com mais uma opção de encaminhamento pelo SUS na rede de atendimento às pessoas com deficiência no Rio Grande do Sul. Localizado no Hospital Santa Ana, mantido pela Associação Educadora São Carlos (AESC), o Centro Especializado em Reabilitação (CER II), chega a mais de 700 pacientes atendidos.

Só em aparelhos auditivos foram 845 entregas de fevereiro até outubro. “Os pacientes recebem, do diagnóstico à adaptação, um atendimento pautado pela atenção e o cuidado”, descreve Daniela Razzolini, coordenadora do CER II.

A audição como um renascimento

Nesses últimos meses, seguindo todos os cuidados na prevenção à Covid-19, muitas pessoas recuperaram a emoção de escutar. Ex-telefonista, Maria Luzia Moreira da Silva, 89 anos, com perda auditiva de grau severo em ambos os ouvidos, comemora poder desfrutar mais a vida após receber seu aparelho auditivo: “Adoro ouvir os pássaros, o meu samba e poder conversar. Com o aparelho para escutar melhor, eu nasci de novo”. 

A exclusão é um dos maiores problemas enfrentados por indivíduos com algum grau de surdez. Sobre as dificuldades que enfrenta, Maria Luzia, diz que as pessoas esperam que todos sejam iguais: “É impressionante como muitas pessoas se incomodam com quem é diferente. Uma pessoa com surdez merece ser tratada com carinho”.

Maria Luzia, após receber aparelhos para recuperar audição: “Adoro ouvir os pássaros, o meu samba. Eu nasci de novo” / Foto: Comunicação AESC

Atenção à criança e à família

A busca pela inclusão e autonomia também é a luta de muitas famílias com crianças que precisam de apoio e tratamento para o desenvolvimento intelectual. Ana Guilhermina Reis, terapeuta ocupacional do CER II, acompanha o acolhimento e participa da elaboração do Plano Terapêutico Singular, seguindo as características e necessidades de cada paciente. “Nosso foco é identificar e buscar desenvolver as potencialidades da criança, além de apoiar a família para que as terapias sejam ainda mais proveitosas. Aos poucos, os avanços trazem o sentimento de pertencer e a alegria de compartilharem os momentos de uma vida mais autônoma e plena”, afirma Ana Reis. 

Nessa jornada pelo desenvolvimento intelectual está Bruno Silva, pai do paciente Enzo, de 3 anos e 9 meses: “No ano passado, procuramos o posto de saúde da Zona Leste (Porto Alegre) e o médico psiquiatra nos encaminhou para o CER II do Hospital Santa Ana. Começamos o tratamento com psicóloga, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga e médico psiquiatra”.

Bruno conta que hoje, depois de um ano, o Enzo é outra criança. “Antes tínhamos receio, porque ele não demonstrava sentimentos, não falava e nem atendia a nenhum chamado; hoje ele já sabe e atende quando falamos `vamos sair e passear, `vamos tomar um banho ou comer`. Vemos que ele está progredindo e os profissionais nos dizem que ele terá um grande futuro e poderá ter uma vida normal daqui a um tempo, isso para um pai não tem sentimento melhor”, conta.

Ana Guilhermina, Terapeuta Ocupacional: “Nosso foco é desenvolver as potencialidades da criança e apoiar a família para que as terapias sejam proveitosas” / Foto: Arquivo Pessoal

Um ano promissor

A coordenadora Daniela Razzolini destaca, além dos números alcançados e a manutenção das atividades durante a pandemia, a oportunidade de gerar conhecimento sobre reabilitação nas duas especialidades atendidas. “Tivemos um ano muito produtivo, de crescimento e organização em todos os processos e especialidades. Somos um serviço estruturado e capacitado a receber os pacientes, com uma equipe acolhedora e habilidosa. A cada dia ampliamos o conhecimento através dos rounds e trocas de conhecimento entre especialidades médicas e demais profissionais, de forma muito promissora”, destaca.

Os serviços no CER II, tanto para reabilitação intelectual como auditiva, no Hospital Santa Ana, são encaminhados, exclusivamente, pelos postos de saúde de Porto Alegre e o atendimento é 100% pelo SUS. Via sistema de gerenciamento de consultas (Gercon), a Secretaria Municipal de Saúde faz o direcionamento do tratamento ambulatorial.

Atualmente, a equipe do hospital conta com equipe formada por 12 profissionais entre fonoaudiólogas, psicólogas, terapeuta ocupacionais, otorrinolaringologistas, neurologistas e assistente social para atender, em média, atende 154 crianças por mês.

Para a AESC, fazer a gestão desse serviço e ver seus resultados reforça o compromisso social da instituição com a qualidade do atendimento em saúde.

Daniela Razzolini, coordenadora do CER II: “Somos um serviço estruturado e capacitado a receber os pacientes, com uma equipe acolhedora e habilidosa” / Foto: Reprodução vídeo

Sobre o Hospital Santa Ana

O Hospital Santa Ana, com gestão a cargo da Associação Educadora São Carlos, AESC, é voltado para a recuperação e tratamento de pacientes clínicos encaminhados por meio de regulação da Secretaria Municipal da Saúde, motivo pelo qual não possui urgência nem emergência.

Todos os atendimentos são destinados aos pacientes do SUS, e o Hospital recebe, em seus 203 leitos, pacientes provenientes de hospitais de alta complexidade da Capital, além das UPAs e Pronto Atendimentos de Porto Alegre.

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