A data de 27 de julho marca o Dia Nacional da Pediatria. Esse ano, durante a pandemia de coronavírus, o cuidado com as crianças e adolescentes exige extrema atenção, pois todos estão vivenciando uma experiência inédita e difícil de ser assimilada.

Embora representem um percentual baixo de casos positivos, a distância dos amigos, da escola, dos avós e dos espaços de convívio coletivo se acumula com a necessidade de muitos pais terem de trabalhar em casa ou na linha de frente de combate à covid-19.

A Dra. Rossana De Carli, pediatra no Hospital Santa Luiza (HSL), mantido pela Associação Educadora São Carlos (AESC), destaca pontos importantes a serem observados em relação ao isolamento social e aos cuidados com a saúde, especialmente durante o inverno.

Casos de covid-19 em crianças

Foto: Banco de Imagem

De acordo com a médica, “em relação à covid-19, as crianças apresentam, geralmente, casos mais leves (43,1%), moderados (41%), graves (2,5%) e assintomáticos (12,9%) – conforme dados do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria. A propensão à contaminação é igual aos adultos, porém, com menos sintomas e menores chances de desenvolver formas graves”, explica.

Ela acrescenta que quase a totalidade dos pequenos que contraíram a doença estiveram em contato com adultos contaminados e, mesmo assintomáticos, transmitem normalmente para todos os demais pois vão no colo, brincam, tossem sem proteção, relutam em usar máscara, lavam menos as mãos. Os avós, devido à idade, pessoas obesas e doentes prévios são mais sujeitos a desenvolverem as formas mais graves da covid-19.

Observação constante de possíveis sintomas

Caso surjam sintomas, a médica recomenda observar febre por mais de 24h ou 48h com tosse intensa, disfunção respiratória, falta de apetite, dor, choro, cansaço e chiado no peito. Nesses casos, é indispensável procurar atendimento médico nas unidades básicas de saúde (UBSs), no Posto de Saúde 24h ou na Unidade de Isolamento. Atualmente, o Hospital Santa Luzia está atendendo urgências e emergências.

Os impactos emocionais do isolamento

Existe atualmente um dilema entre voltar às aulas e arriscar o adoecimento dos filhos e de membros da família versus o prejuízo da aprendizagem e socialização. Para Dra. Rossana, “as crianças podem estar reagindo à pandemia com estresse e ansiedade, apresentando alterações comportamentais, de sono e de alimentação. Posteriormente, inclusive as escolas, deverão fazer acompanhamento psicológico se for necessário. Em casa, é importante manter o ambiente mais lúdico possível e aproveitar o tempo em família para estreitar laços entre pais e filhos”. 

Em relação aos adolescentes, por mais desafiador que seja, a dica é tentar diminuir o tempo disponível para internet. “Muitos estão tendo aulas online. Assim como com as crianças mais novas, é preciso tentar conhecer melhor os filhos, gostos, preferências, jogos. Conviver e fazer atividades juntos, olhando para o adolescente”, recomenda a pediatra.

Dra. Rossana De Carli, pediatra no Hospital Santa Luzia / Foto: Arquivo pessoal

Cuidados durante o inverno

Gripes, resfriados, asma, rinite alérgica, otites, sinusites, amigdalites e pneumonias são as principais doenças de inverno. Todas, de alguma forma, são iniciadas ou causadas por quadros virais. A prevenção para a covid-19 é a mesma a ser seguida para qualquer doença de inverno. A médica observa que “neste ano, excepcionalmente, como não há o convívio escolar, as crianças estão adoecendo muito menos, pois não estão tendo a transmissão viral entre eles. Tenho observado isso no consultório, nos postos de saúde e no Hospital Santa Luzia”, relata. Ela alerta que existem crises de asma e rinite que são ocasionadas por mudanças de temperatura, mofo, umidade, poeira, roupas guardadas e outros alérgenos e, estes, devem ser evitados, se possível, pois essas doenças continuarão ocorrendo.

Empatia e paciência para superar

Dra. Rossana reconhece o impacto da pandemia para todos, em um momento difícil pelo toda a população mundial está passando. “Devemos sempre lembrar que não somos únicos. Sou mãe, médica na linha de frente, filha de uma idosa cardiopata e diabética, que mora comigo, e empresária. Estou sofrendo de todos os lados, mas consigo ver, ali na frente, uma luz de esperança de dias melhores e de uma nova normalidade a qual teremos de nos acostumar”, reflete.

As crianças acostumam-se mais facilmente com as mudanças e sofrem menos, recorda. “Temos a obrigação, como adultos, de não passar nossas angústias e ansiedades para eles pois eles também se sentem tristes, principalmente por não estarem convivendo com seus colegas e amiguinhos”, orienta. 

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