II Webinário “Profissionais com Covid-19: aprendizado como paciente”, promovido pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Mãe de Deus

De acordo com dados do Ministério da Saúde, até a primeira semana de julho, mais de 173 mil profissionais da saúde foram contaminados pelo novo coronavírus. Destes, cerca de 700 foram hospitalizados e 176 foram a óbito por síndrome respiratória aguda grave. Vidas dedicadas a salvar outras que se foram ou que precisaram reconstruídas, pessoal e profissionalmente, no momento em que o Brasil supera a marca de 100 mil óbitos dessa doença, ainda sem tratamento ou vacina.

Saiba mais: I Webinário “Profissionais com Covid-19: aprendizado como paciente”

Para ouvir quem viveu a experiência de positivar no exercício da profissão, e que permanece no front de uma batalha ainda longe do fim, o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Mãe de Deus promoveu, em 6 de agosto, a segunda edição do webinário “Profissionais com Covid-19: aprendizado como paciente”. Para falar sobre como foi conviver com essa “situação grave e impactante”, como descreveu o médico pediatra Paulo Ricardo Bobek, mediador do evento, foram trazidas a público as experiências de cinco convidados.

Humanização e paciência

Julcemari de Almeida, tecnóloga no Hospital de Viamão e no CID – diagnóstico por imagem, se disse confusa e impotente ao ser confirmada com a doença. “O fato de ter passado por essa experiência humaniza bastante a nós, que atuamos na saúde. Meu medo maior foi por ser cardíaca. Tenho prótese de válvula mitral. O pânico de um possível agravamento assustou bastante aos meus familiares”, recorda. Ela lamenta o fato de muitos pacientes que atende duvidarem da existência da pandemia, mas diz que outro legado que teve foi a paciência para lidar com a essa situação.

Empatia e cadeia de ajuda

Para a administradora Mariele Chrischon, diretora de Relacionamento com Médicos e Clientes no Hospital Mãe de Deus, a descoberta sobre a contaminação veio de um estado de apatia atípico, que a levou a fazer exames. Com marido e filho acometidos por asma, iniciou o isolamento e viu os sintomas se agravarem. A série de alterações em sua saúde motivou uma internação domiciliar, sob acompanhamento médico. “Fiquei de cama, tinha fraqueza e falta de ar. Me preocupei com meu filho, de 4 anos. Tive que aceitar a doença e recuar”. Entre as lições, diz que não se vê mais imune e que aprendeu a ser mais empática e ampliar os cuidados consigo e com a família. Estar com Covid-19 a fez zelar pela saúde das equipes que lidera e criar “uma cadeia de ajuda” e a lançar o inovador serviço de atendimento telefônico gratuito a todos os profissionais da instituição que apresentem sintomas e dúvidas sobre a doença.

Reflexão sobre a vida

Farmacêutico, Otávio Augustin, atua na gestão dos medicamentos usados por pacientes de UTI. Seu temor maior foi ver muitos pacientes para o limitado estoque disponível de medicamentos na Farmácia da instituição onde trabalha. A preocupação, ao ver seu resultado positivo, era que ele precisasse ser internado e impactasse na reserva de insumos. “O que estou fazendo da minha vida além de trabalhar? Fiz a reflexão do que realmente são as horas dedicadas ao trabalho na nossa vida”, comenta. Para ele, o maior temor, após positivar, era contaminar outras pessoas. 

Doença ainda sem tratamento

A médica emergencista Renata Maffacioli costuma ir ao local de trabalho de bicicleta. Certo dia, ao se atrasar nesse deslocamento rotineiro, perder o paladar e sentir cansaço repentino, optou por avisar suas lideranças e buscar o Espaço Azul, área dedicada a sintomas gripais no Hospital Mãe de Deus, para confirmar sua hipótese de contaminação. Não só ela, mas o marido também positivou. Ambos se isolaram totalmente. “Assim como outros colegas de profissão, o maior pânico era contaminar outras pessoas, algo quase exagerado, mas pertinente, frente a uma doença sem tratamento, que responde apenas ao sistema imune”.  Quanto à empatia, diz que não ouve alteração, pois sua atividade exige o desenvolvimento de uma atitude empática imediata ao receber um paciente que chega em circunstâncias difíceis na emergência. Seu retorno só houve após sentir-se totalmente segura, num período superior aos 14 dias habituais. Por fim, destacou: “temos conhecimento aprofundado dessa doença, mas não existe tratamento definitivo, apenas de suporte, para mudar o desfecho. O ideal é evitar tê-la”, assevera.

A importância da solidariedade dos colegas

Thales Lafayette, técnico de Enfermagem, contaminou-se no início da pandemia. Seu principal sentimento foi de negação, algo compartilhado por outros colegas. Tinha uma rotina de cuidados, mas se preocupou ao ver os sintomas se agravarem. Após longos quatro dias, o resultado chegou. Entre os sentimentos, também relatou constrangimento ao ser tratado pelos próprios colegas, mas reconheceu o profissionalismo, o acolhimento e solidariedade recebidos. “Adquiri uma pneumonia e, mesmo após o segundo teste ao final da quarentena ser negativo, as sequelas duraram muito tempo. Ao voltar, sentia cansaço enorme e, mentalmente, me sentia muito mal”. O que lhe entristece é a incredulidade de pessoas em relação à doença e à sua gravidade.

O mediador, Paulo Bobek, ao final, destacou que “o sentimento de responsabilidade com o paciente nos remete, como profissionais da saúde, a nos acharmos invulneráveis, tendo de dar o melhor cuidado, vendo o fato de ficar doente como uma falha pessoal. Na verdade, não é falha, somos todos humanos e essa conversa é para falar como é ser paciente”, concluiu.

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