Arte de Circo encantou usuários que foram ao CAPS AD IV

No campo da saúde existe uma terminologia criada pelo médico e professor Emerson Merhy chamada de ‘tecnologias leves’. Nelas, em uma definição simplificada, enquadram-se as relações interpessoais, estreitando vínculos entre os profissionais de assistência e pacientes ou usuários, bem como o acolhimento às pessoas que buscam os serviços públicos, especialmente aquelas que vivem em situação de vulnerabilidade social, como muitos dependentes químicos.

Os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, hoje sob gestão da Associação Educadora São Carlos (AESC), são espaços que trazem essa teoria à prática, tanto em seu cotidiano quanto em eventos temáticos, como os que marcaram as celebrações de final de ano em 2019. Nas quatro unidades houve uma programação pensada de forma coletiva e solidária, levando em conta a realidade dos usuários de substâncias como crack e álcool, a imersão nos territórios e a importância da atenção e do afeto a quem muitas vezes é ignorado pela sociedade.

Habilidades manuais foram estimuladas nas oficinas, como a confecção de cartões postais

O calendário de atividades teve início no dia 17 de dezembro, no CAPS AD III – Partenon/Lomba do Pinheiro, situado na Rua Dona Firmina, 144, Zona Leste da Capital. As atrações incluíram música, esquete teatral e manifestações sobre os sentimentos das pessoas atendidas. Ao longo do dia, cerca de 200 pessoas participaram das atividades.

No dia 18, houve a primeira Virada Cultural no CAPS AD IV Céu Aberto, o único do Brasil instalado em uma cena aberta de uso de drogas, aproximando a equipe de saúde ao ambiente do paciente. Durante 12 horas seguidas, entre 10h e 22h, atividades como as oficinas de bolha de sabão (bolhaterapia), dança circular, terapias integrativas, mural de recados e escultura em argila mobilizaram quem chegava à instalação situada na Rua Comendador Azevedo, 97, no 4º Distrito. Ao final da tarde, outras ações geraram grande interação em frente ao CAPS: a apresentação dos palhaços do Circo Enquanto Tiver Amor, o salchipão na calçada com roda de samba e a oficina de perna de pau.

Oficina de Dança Circular

O CAPS AD III Sul/Centro Sul, inaugurado este ano em novo endereço, na Avenida Cavalhada, 1930, concentrou suas iniciativas na quinta-feira, 19. Foi criado o Mural dos Desejos e promovido um sarau cultural, além de um momento de lanche coletivo. A semana foi encerrada no CAPS AD III Noroeste/Humaitá/Navegantes/Ilhas, situado na Avenida Pernambuco, 1700, Zona Norte da Capital. Com inspiração no Natal, houve oficinas de decoração de panetones e de música, com degustação dos bolos natalinos em lanche coletivo ao final do dia.

Na avaliação de Arlete Fante, gestora da Saúde Mental da AESC, os quatro eventos contribuíram para o fortalecimento de vínculo dos usuários com os serviços e destes com os parceiros e colaboradores da arte e da cultura em meio a situações de saúde mental.

Eventos garantiram espaços de expressão para os usuários

A gestora destaca o fato de as oficinas terem sido idealizadas pelas próprias equipes, valorizando suas habilidades pessoais e profissionais, o que fortalece a relação com as pessoas atendidas nos CAPS AD. Também representou um espaço de expressão dos usuários, que dançaram, cantaram, desenvolveram habilidades manuais e deixaram seus depoimentos registrados nos murais.

Arlete ressalta a importância da parceria com o Poder Público, com o trabalho sendo supervisionado e regulado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a exemplo do CAPS AD IV Céu Aberto com seu projeto técnico alinhado com o Plano Municipal de Superação da Situação de Rua e do Plano Municipal de Saúde Mental de Porto Alegre. 

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