Mulheres migrantes
Mulheres migrantes em oficina de costura no CAM
Foto: Tuany Areze

Acolhimento, oportunidade de trabalho e renda, moda e responsabilidade socioambiental. É possível unir todos esses elementos? Sim, quando falamos do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) e da Volta Atelier, grife internacional de bolsas com sede em Nova York (EUA) e presença em diversos países.

Nos dias 13 e 14 de abril, o CAM abrigou a segunda oficina para confecção de acessórios destinados ao mundo fashion – a primeira foi em dezembro do ano passado. A ação teve como instrutoras as haitianas Maude Jules e Artune Leveille, que trabalham com a marca há quatro anos e, agora, partilham seus conhecimentos em costura de bolsas com outras mulheres também na condição de migrantes ou refugiadas.

Essa proposta faz parte do conceito da Volta Atelier, que produz acessórios usando somente couro descartado pela indústria e com todas as peças costuradas à mão, por mulheres migrantes ou refugiadas. A iniciativa gera trabalho e renda para quem necessita e está longe de seu país de origem, além de focar na sustentabilidade ambiental.

“A iniciativa foi de Fernanda Daudt, proprietária da marca de bolsas e acessórios Volta Atelier. Agora foi aberta a oportunidade para novas mulheres migrantes e refugiadas trabalharem. O CAM indicou novas pessoas para compor a equipe e disponibilizou seu espaço para que os treinamentos aconteçam”, explica Irmã Celsa Zucco, diretora do CAM.

As instrutoras Maude e Artune foram indicadas pelo CAM e treinadas por Fernanda Daudt. Regularmente, elas recebem o material de trabalho em suas residências, confeccionam as bolsas e, quando concluem, avisam um agente de logística em Caxias do Sul, que coleta as bolsas e as envia para Nova York, onde são comercializadas.

Toda a costura é manual, e as peças são assinadas. As mulheres refugiadas recebem por peça costurada já na entrega dos produtos. O CAM acolheu a ideia e tem oferecido o espaço para a capacitação.

Migrantes no CAM
A oportunidade de trabalho foi mediada pelo Centro de Acolhimento ao Migrante (CAM)
Foto: Tuany Areze

Fernanda Daudt afirma que a empresa gosta de mostrar a história da confecção do produto e, com isso, criar um elo entre as artesãs e o usuário final. Além disso, incentiva o empreendedorismo. “Nossa ideia é que estas pessoas sejam treinadas e que cada uma se torne uma microempreendedora individual (MEI)”, projeta.

“Com a ajuda de todos, vamos oferecendo melhores oportunidades aos migrantes e refugiados”, destaca Irmã Celsa.

Sobre a Volta Atelier

A Volta Atelier tem como principais pilares responsabilidade ambiental, social e design. Produz acessórios por meio do upcycling, usando somente couro descartado pela indústria. Todas as peças são costuradas à mão, de casa, por mulheres refugiadas.

Sobre o CAM

Criado em 1984, o Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) tem sede em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, e representa o serviço de Responsabilidade Social da Associação Educadora São Carlos (AESC), sua mantenedora. É uma das obras da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas, cuja origem se deu em Piacenza, na Itália, em 1895, e desde essa data, está presente no Brasil. O CAM presta serviços de acolhimento a migrantes, refugiados e apátridas, com orientação para regularização de documentos, advocacy, empregabilidade e saúde mental, entre outras formas de integração à sociedade brasileira.

Veja a matéria veiculada no Caderno Donna, do Jornal Zero Hora, em 23/04/2022

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