Alunas, ao centro, com docentes na Mostra Científica Municipal de Carlos Barbosa / Foto: Facebook Direção S. Roque

 

A inquietação e a curiosidade sobre a causa migratória mobilizou um grupo de alunas do terceiro ano da Escola Estadual de Ensino Médio São Roque, de Carlos Barbosa (RS), e ganhou visibilidade na “Mostra Científica Municipal em Tempos de Pandemia – Boas Práticas Educativas”. O trabalho das adolescentes, com o título “Os desafios do processo de acolhimento e inserção de migrantes estrangeiros nas cidades da região da Serra Gaúcha”, teve um vídeo como principal forma de expressão. O conteúdo, postado nas mídias sociais, foi elaborado a partir de entrevistas realizadas no Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), mantido pela Associação Educadora São Carlos, em Caxias do Sul (RS).

A professora Thaís P. Dalzochio, que leciona Língua Portuguesa, Literatura e Ensino Religioso, foi uma das orientadoras da atividade, ao lado do professor Samuel P. Sattler, docente de História e vice-diretor da Escola. A iniciativa teve desdobramentos nessas disciplinas e, também, nas de Geografia e Sociologia.

“O trabalho foi desenvolvido para participar da Mostra Científica. Dentro dessa proposta, realizamos um trabalho interdisciplinar com um grupo de estudantes que já havia pesquisado sobre o tema no ano anterior. Devido à inquietação das alunas e de nós, professores, sobre como o tema dos imigrantes é visto hoje, em Carlos Barbosa, decidimos aprofundar nosso conhecimento com a visita ao CAM. Através do vídeo produzido, repassamos o tema aos demais estudantes da Escola, para serem disseminadores do respeito e da luta contra o preconceito aos imigrantes”, explica a docente.

Percepção dos migrantes na cidade

Segundo as estudantes envolvidas, o que as instigou foi percepção de migrantes, especialmente haitianos e senegaleses, em Carlos Barbosa. Eles praticam o comércio ambulante no centro da cidade, mas depois se deslocam para cidades próximas, onde residem, como Garibaldi e Bento Gonçalves. Não há muitos casos de migrantes residentes ou com emprego fixo na cidade.

Além disso, o grupo desconfiou que falas discriminatórias que ouvem de moradores locais criam um senso comum de que esses indivíduos não são bem-vindos.

“Assim, a intenção foi investigar essa percepção local e a visão dos migrantes quanto ao seu acolhimento na região, como forma de conscientizar, especialmente os cidadãos barbosenses, sobre a aceitação e o respeito aos migrantes causa que julgamos caber muito bem ao papel atual da escola”, completa a professora Thaís.

 

O trabalho na voz das alunas

“Realizar as pesquisas deste projeto e a visita ao CAM resultaram em conhecimentos que me fizeram refletir sobre certos privilégios que, às vezes, não somos capazes de reconhecer. Diante de relatos sobre a dura realidade enfrentada pelos migrantes, a xenofobia e o racismo que já observávamos na nossa região infelizmente foram comprovados. Tendo a noção de como esses preconceitos se manifestam, certamente exercitaremos ainda mais a empatia e o respeito com quem é diferente, influenciando de forma positiva quem estiver ao nosso redor e atuando na defesa dos direitos de migrantes e refugiados”

Eduarda Lima Severo

 

“Sendo barbosense, criada dentro de uma bolha social onde desde pequena tive contato com apenas um colega negro, foi uma experiência muito legal, porque eu nunca tinha ouvido uma pessoa me dizendo que ela sofria racismo pessoalmente como o migrante, além de poder dar voz a eles e entender todas as dificuldades que eles passaram”

Eduarda Mesturini Lira

 

“Esse trabalho me fez refletir sobre como a nossa sociedade encara as diferenças; entendemos as dificuldades que cada um deles passa todos os dias e que temos que mudar isso. A nossa sociedade precisa ser mais tolerante diante dessas pessoas.”

Bruna Correa de Mello

 

A divulgação do vídeo

O texto a seguir foi utilizado com legenda de apresentação do trabalho nas redes sociais. O vídeo está disponível neste link.

“Migrar é partir em busca de melhores condições de vida. Migrar é ir em busca de uma vida com mais humanidade. Como humanos, devemos entender o ato de migrar como natural, um direito daqueles que estão com sua integridade, enquanto humanos, ameaçada. Preocupados com isso, procuramos conhecer a realidade de imigrantes que chegam atualmente na região da Serra Gaúcha. Percebemos que, apesar de virem contribuir com as forças de trabalho locais e terem direitos garantidos quanto à manutenção de sua vida no Brasil, essas pessoas sofrem com preconceito, discriminação, exploração e falta de políticas públicas. Assim, elaboramos este documentário para explorar o tema e conscientizar sobre o respeito e a tolerância aos imigrantes; afinal, qualquer preconceito vai contra a humanidade em sua essência.”

Deixe uma resposta

Fechar Menu