Quando hospitalizados, pacientes e seus familiares nem imaginam o quanto de recursos humanos são envolvidos para o bom funcionamento de todo o sistema hospitalar. Profissionais de várias áreas se unem por um objetivo principal: a melhora do paciente. E o farmacêutico é parte importante nesse conjunto.


Importância do profissional de Farmácia

O farmacêutico hospitalar é responsável por todo o ciclo do medicamento dentro da instituição, desde a seleção do que vai ser comprado, padronizado, da escolha dos fornecedores, até o armazenamento dos medicamentos e seu controle – já que devem ser dispostos em ambientes em condições de temperatura e umidade adequada – até a dispensação para o uso do paciente.

Cada uma destas funções tem suas peculiaridades. Quando se refere à logística, o farmacêutico está envolvido em todas as etapas: seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação.

“Sou muito feliz e grata pela oportunidade de poder desempenhar meu papel como farmacêutica, com amor e dedicação todos os dias. Das inúmeras atribuições do farmacêutico no ambiente hospitalar, destaco a aplicação da farmacoeconomia, visando à otimização dos recursos financeiros, e a farmacovigilância. Isso se soma às práticas que focam na segurança do paciente, resultando, assim, em um tratamento eficaz a partir do uso racional dos medicamentos.”

Tamiris Bitencourt
Há dois anos como farmacêutica RT do setor de Farmácia no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes (HNSN)

 

A aquisição de medicamentos acontece em conjunto com outros profissionais, e o farmacêutico é responsável por definir quais os medicamentos que fazem parte do rol utilizado pelo hospital que serão utilizados para atender as demandas do paciente.

Na farmácia clínica, a função do farmacêutico é voltada para o uso racional dos medicamentos no ambiente hospitalar. O farmacêutico clínico garante as melhorias de farmacoterapia dos pacientes, identificando e resolvendo problemas relacionados aos medicamentos.

Entre as atividades clínicas envolvidas, o profissional atua por uma otimização da terapia medicamentosa. Ou seja, se o paciente já faz tratamento com algum outro medicamento, pode ser que não se tenha o resultado esperado com o uso de outra medicação. Por isso é feito todo um acompanhamento, junto com a Comissão de Infecção Hospitalar.

“Dos quatro anos em que estou na instituição, dois deles são dedicados à farmácia clínica do Centro de Tratamento Intensivo do hospital. O seguimento terapêutico de um paciente crítico é algo complexo. Saber que faço parte dessa equipe, e que posso contribuir para o uso racional de medicamentos, é algo que me motiva todos os dias. O dia internacional do farmacêutico é mais uma oportunidade para lembrarmos da importância desse profissional nos serviços de saúde, e que o nosso propósito é o cuidado integral ao paciente”.

Tamires Bortolozzo
Farmacêutica clínica no Hospital Mãe de Deus (HMD)


Há uma interação com toda equipe multidisciplinar. Médico e farmacêuticos dialogam constantemente sobre medicamentos disponíveis, quais possibilidades de substituições, como o paciente pode aderir da melhor forma ao tratamento.

“O papel do farmacêutico aqui é investigar a reação adversa, analisar as queixas técnicas e contribuir na redução das taxas de mortalidade, otimizando a segurança do paciente. Caso haja uma queixa técnica de um medicamento ou um efeito adverso, que pode acontecer em doses usuais ou não, é preciso avaliar e estudar essas variações, para que não volte a acontecer com outros pacientes”, explica Monia Lumertz, que é a responsável técnica (RT) do setor de Farmácia do Hospital Santa Luzia, mantido pela AESC em Capão da Canoa.

“Ter a chance de ver os resultados, a evolução na saúde do paciente, é extremamente gratificante. Além disso, é muito bom ver como é possível promover a cura a partir de um ou mais medicamentos. O farmacêutico hospitalar, em uma equipe multidisciplinar, otimiza a segurança do paciente. Medicamento não é produto qualquer, é preciso cuidado em todas as fases, desde a escolha de fornecedor, transporte e armazenagem”.

Monia Lumertz
Há 11 anos na área hospitalar, quatro deles como farmacêutica Responsável Técnica (RT) do setor de Farmácia no Hospital Santa Luzia (HSL)


Conscientização social

Para a população em geral, vale um alerta: é muito perigoso ver o medicamento como algo inofensivo, como no caso dos remédios para dor de cabeça e antitérmicos, por exemplo. Uma dosagem errada pode causar muitos danos. 

“Não pratique a automedicação irresponsável. Se você não tem acesso a um médico para sanar dúvidas, saiba que existem profissionais aptos a esclarecer, orientar. Leve sua receita a um farmacêutico, tire dúvidas, saiba qual melhor horário para ingeri-lo”, aconselha Monia Ela destaca que esta também é uma função do farmacêutico, que está disponível para esclarecer, promover a cura sem riscos, aliviar a dor sem prejuízos à saúde das pessoas.


Saúde Mental AD

Na AESC, além dos hospitais, a área da saúde compreende os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), onde a presença de profissional farmacêutico ganha outra tônica, em razão da realidade social dos usuários. Muitos fatores presentes na prática diária e dificultam a adesão ao uso dos medicamentos, refletindo de forma negativa no efeito terapêutico desejado e diminuindo a eficácia necessária para a melhoria da saúde dessas pessoas. 

Para superar essas adversidades, é preciso um profissional com função educativa e informativa, que consiga orientar o uso do medicamento para que seja possível diminuir o sofrimento físico e psíquico da pessoa.

“A função do farmacêutico no CAPS AD se fundamenta na construção conjunta e colaborativa do Projeto Terapêutico Singular dos usuários que buscam o serviço de saúde mental. Atendemos pessoas extremamente carentes de informação e de cuidados, em vulnerabilidade social, em situação de rua, e que sofrem com a insegurança alimentar. Um exemplo cotidiano: a teoria diz para orientar a tomada de um antibiótico de 8/8h, para tratar determinada doença. Mas como fazê-la com um usuário que não tem, sequer, a possibilidade de saber as horas? Esse é o desafio diário de um farmacêutico no CAPS AD. E, nesse sentido, eu acredito que é necessário voltarmos nosso olhar para o ato de cuidar pensado na integralidade biopsicossocial do ser humano – um processo de humanização na prática. Pensar sempre na singularidade de cada sujeito atendido em nossos serviços, com a possibilidade do usuário se sentir realmente escutado, acolhido e cuidado.”

Daiane Dal’Prá
Farmacêutica RT no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD IV Centro Céu Aberto)

“Vejo o farmacêutico no âmbito hospitalar como essencial para termos uma atenção à saúde de qualidade para os pacientes, bem como na redução de custos com medicamentos e produtos de saúde. Muito além dos conhecimentos técnicos, é necessário que tenha capacidade de liderança e de coordenação de equipe, ser responsável, proativo e ter uma boa comunicação, especialmente porque desempenha a função importante na farmácia clínica, demandando uma atuação multidisciplinar.”

Josiele Mossmann
Há quatro anos na área hospitalar, e há mais de um ano no HSANA como farmacêutica RT no Setor de Farmácia e Farmácia Clínica do Hospital Santa Ana (HSANA)

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