À frente, Guilherme, com jaleco emprestado pelo Hospital. A partir da esquerda: Aline Sassi (HSL), Lívia (mãe), Helena (irmã), Enf. Taíse (HSL), Dr. Giovani (HSL) e Humberto (pai) / Foto: AESC/HSL

Guilherme Burkle Giesel tem 9 anos e mora em Capão da Canoa. Como tantos meninos de sua idade, adora jogar no computador, assistir tevê e ler livros – a série Diário de um Banana está entre os prediletos. Estudante do 4º ano do Ensino Fundamental, gosta de matemática e de desenhar com a técnica 3D. Mas algo o torna um menino diferenciado: a solidariedade. Sensibilizado pela fase mais difícil da pandemia, idealizou, em março, uma rifa de Páscoa. Vendeu mais de 200 números, emocionou centenas de pessoas e arrecadou R$ 2.030,00 para auxiliar ao Hospital Santa Luiza (HSL). A transferência do valor ocorreu no dia 9 de abril, e a entrega simbólica foi feita à gerente administrativa do HSL, Aline Sassi, acompanhada da enfermeira responsável técnica, Taíse Scapin, e do médico responsável técnico, Dr. Giovani Sassi.

Da curiosidade surge a ideia da rifa

Com a necessidade de distanciamento social, a exemplo de tantas pessoas, os Giesel deixaram de viajar para ver os avós e ficaram longe da família, valendo-se chamadas em vídeo para diminuir a saudade. “Isso interfere no comportamento das crianças”, analisa Lívia, mãe de Guilherme e de sua irmã Helena, de 4 anos.

Em família: Guilherme, a mãe Lívia, o pai Humberto e a irmã Helena / Foto: Arquivo Pessoal

Lívia e o esposo, Humberto, costumam ler jornais e assistir noticiários diariamente. Ela relata que na segunda onda de contágio por Covid-19, com o elevado número de mortes, Guilherme a questionou sobre o que estava acontecendo. “Eu recém havia visto uma reportagem e acabei chorando em frete à teve, por ver a falta de medicamentos e de oxigênio em muitos hospitais. Expliquei a ele que não havia mais vagas para as pessoas, nem pelo SUS. Foi então que ele mencionou a ideia de fazer uma rifa para ajudar o Hospital de Capão”, recorda Lívia.

No sábado, 20 de março, Gui, como é chamado carinhosamente pela família e amigos, cobrou apoio dos pais para levar seu plano adiante. Faltava definir o prêmio. “As lojas estavam fechadas. Eu só tinha uma caixa de sabonetes e uma caixa de Bis. E ele disse: ‘então é isso aí’”, relembra a mãe.

Vídeo ‘bombou’ nas redes sociais

Reportagem de Augusto Aguilar com Guilherme, realizada antes do sorteio da rifa / Imagens gentilmente cedidas pelo canal Tela 20

Inicialmente foram feitos 50 números para divulgar entre os vizinhos do condomínio onde moram. A repercussão maior, porém, veio após a postagem do vídeo nos grupos de WhatsApp da família e da Escola onde Lívia trabalha como professora. Na filmagem caseira, pelo celular, Gui solicitava apoio “para o hospital onde nasceu”. O alcance cresceu e ganhou uma reportagem no telejornal local (veja o vídeo acima), e as pessoas passaram a comprar números e a fazer doações voluntárias.


Desejo de ajudar vem desde os 2 anos de Gui

O desejo de ajudar pessoas não é novo para Guilherme. Sua mãe conta que aos 2 anos de idade, a avó paterna o levou a uma livraria e ele escolheu um livro de anatomia, pois queria ser médico. “Até hoje ele diz isso, que quer ajudar a salvar vidas. Meu filho tem um bom coração”, emociona-se Lívia. O próprio Gui afirma que uma de suas inspirações é a “Tia Carla”, pediatra, e continua convicto de sua vocação.

Irmãos nascidos em hospitais da AESC
Guilherme e a irmã Helena / Arquivo Pessoal

Tanto Gui quanto sua irmã nasceram em hospitais mantidos pela Associação Educadora São Carlos (AESC). O menino, veio ao mundo após um parto complicado, em que a assistência oferecida no Hospital Santa Luzia foi essencial. “Tive dificuldades, mas me senti muito acolhida. É motivador para nós saber que temos um Hospital em nossa cidade. Sempre que precisamos fomos muito bem atendidos no Santa Luzia”, avalia Lívia. Há quatro anos, professora deu à luz Helena, no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre.

“Os recursos que o Guilherme e sua família nos trazem, com essa bela ação solidária que mobilizou tantas pessoas em benefício do Hospital Santa Luzia, serão muito bem aproveitados. Vamos adquirir medicamentos, entre eles o Fentanil, importante para o tratamento dos pacientes Covid-19, em UTI. Foi a pandemia que motivou o auxílio do Gui, e é para ajudar os pacientes a superá-la que aplicaremos os recursos da rifa”, afirma Aline Sassi, gerente administrativa do HSL.

Mateus Fernandes Rocha, vizinho de Guilherme e vencedor da rifa / Arquivo Pessoal

Este post tem 2 comentários

  1. Linda iniciativa, principalmente vinda de uma criança. Com certeza o Guilherme terá um futuro brilhante pela frente. Atitudes assim devem servir de exemplo a todos. A sensibilidade infantil é um presente. Parabéns a família por dar voz a essa grande ideia.
    Andrea da Silva – Caxias do Sul

    1. Com certeza, Andrea. Foi com o objetivo de valorizar essa bela atitude que procuramos dar a visibilidade merecida, reconhecendo a natureza solidária genuína do Guilherme, que vem ao encontro dos nossos valores institucionais. Obrigado pelo seu comentário!

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